Cidades

Alerta para falta de educação no trânsito de Niterói

Ciclista se arrisca entre veículos na Rua Benjamin Constant, no Ponto Cem Reis. Foto: Alex Oliveira

O número de ciclistas em Niterói apresentou aumento de 40% entre dezembro de 2018 e setembro de 2019, segundo revela o programa Niterói de Bicicleta. O crescimento da modalidade de transporte alerta para os perigos no trânsito da cidade, que já conta com fluxo intenso.

Neste mês de outubro, por exemplo, já foram registrados, pelo menos, cinco acidentes envolvendo ciclistas nas ruas da cidade. No final de setembro um ciclista morreu quando trafegava pela Avenida Marques do Paraná.

Para tentar garantir a segurança de quem opta pelo uso da bicicleta em detrimento aos carros, a administração municipal conta com o programa Niterói de Bicicleta, entre outros projetos como obras para mais ciclovias, ciclofaixas, e ciclorrotas.

Segundo a coordenadora de politicas públicas da União de Ciclistas do Brasil (UCB), Ana Carboni, 'o trânsito de Niterói é muito complicado por conta dos motoristas que andam em alta velocidade em vias que deveriam ser trafegadas com cautela'.

“O ciclista deve trafegar preferencialmente pela borda direita, mas não é proibido trafegar pela borda esquerda. A legislação determina que o motorista de outros veículos, tais como: ônibus, carros e vans só podem ultrapassar os ciclistas fornecendo um metro e meio de espaço", explica a especialista.

A coordenadora também falou sobre a necessidade de um trânsito mais tranquilo no município.

“ Cada vez mais as pessoas decidem utilizar a bicicleta pra ir e voltar do trabalho, da faculdade e do lazer. Os atropelamentos e colisões com ciclistas não são acidentes se a gente grita por socorro e mostra aos governantes aonde eles estão errando”, conclui Carboni.

Integrante do coletivo Pedal Sonoro, Luiz Araújo, reforça a necessidade de campanhas educacionais para alertar motoristas e ciclistas sobre direitos e deveres no trânsito.

"Ainda que a infraestrutura cicloviária não acompanhe o crescimento de ciclistas na cidade, é importante a realização de ações previstas na lei como campanhas de educação permanentes para o trânsito e reforços na fiscalização", comenta o ciclista.

Segundo a Prefeitura de Niterói, o maior fluxo de ciclistas acontece entre os horários de 18h e 19h. Ainda de acordo com o Executivo, a conexão entre as ciclovias da Avenida Amaral Peixoto, do Centro, e da Roberto Silveira, em Icaraí, está prevista para ser entregue no fim deste ano e para 2020.

Já na Região Oceânica, a prefeitura informa que o Sistema Cicloviário da Região Oceânica e o Parque Orla de Piratininga também estão previstas para entrega no próximo ano.

Empatia

De acordo com a advogada Paola Porto, especialista em Mobilidade Urbana, a falta de empatia contribui ainda mais para acidentes.

“Acredito que a grande quantidade de motoristas com veículos motorizados que circulam pelas vias, combinado com a falta de empatia com os ciclistas, seja a causa principal para a quantidade de acidentes que vem ocorrendo. É necessário educar, mas também intensificar a fiscalização aplicando penalidades àqueles que descumprirem a lei”, disse a advogada.

A advogada lembra ainda que cidades como Niterói foram construídas para circulação de automóvel e que alterar essa estrutura é um processo lento e custoso, porém necessário.

“Durante muitos anos as cidades foram planejadas em prol dos automóveis, já se passaram sete anos da edição dessa lei e sabemos que essa reforma seria muito cara e ocorreria devagar. Mas acredito que deve ser realizado ou pensado, pois além de ser uma determinação legalizada pelo Estatuto da Mobilidade, a omissão do poder público pode ser caracterizada como uma das causas do aumento no número de acidentes ”, finalizou a advogada.

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